terça-feira, 17 de junho de 2014

 DEPOIMENTO:

   Durante minha trajetória como professora por vinte e três anos, trabalhando com crianças de cinco a doze anos, sempre considerei fundamental a leitura para o desenvolvimento total da criança; assim sendo, procuro estimular o gosto pela leitura e desenvolver esse hábito desde cedo.
   Pela observação do comportamento leitor de muitas crianças em salas de aula, bibliotecas e ambientes familiares, constatei que refletem o modelo dos adultos com os quais convivem. Por entrevistas informais constatei que as crianças são atraídas, num primeiro momento,  pelo projeto gráfico dos livros.     Esses fatores levaram a escolha do tema a ser estudado.
Costumo oferecer a meus alunos diversos livros, de gêneros variados, em bibliotecas volantes, que são caixas disponíveis em sala de aula o tempo todo. As crianças podem ler ao terminarem suas atividades, no recreio ou durante algum momento livre e podem levar para casa. A seleção do que irão ler é feita por eles mesmos e não há atividades pedagógicas relacionadas a esses livros. Nas escolas onde há biblioteca, os próprios alunos também fazem a seleção pessoal.
    Ao observar as escolhas feitas fui percebendo que alguns livros nunca eram selecionados. Comecei a questionar as crianças o motivo disso e obtive respostas como: “Esse livro é chato.” “Esse livro não tem graça”. “Esse livro é feio.” Entre outras, mesmo sem terem noção do conteúdo.
Baseada no dito popular “Não devemos julgar um livro pela capa”, escolho esses livros desprezados pelas crianças para ler para elas. Percebo a surpresa ao final da leitura quando gostam da história e passam a seleciona-los posteriormente; porém apenas aqueles que li; os que não leio continuam sendo desprezados.
    Assim comecei a questionar minhas atitudes. Qual a necessidade de ler os livros pouco atrativos se as crianças continuam escolhendo o livro pela capa? Passei a perguntar a adultos leitores sobre como faziam suas escolhas de livros, já que o que me atrai num primeiro momento, o que me leva a pegar um deles numa livraria, por exemplo, se não sei nada sobre ele ou seu autor, é o design (capa, imagem, cor e título) somente, então, leio a resenha, para a decisão final de ler ou descartar tal título. Descobri vários adultos agindo dessa forma, que não se importam com ilustrações internas; mas para a criança no início da alfabetização e antes disso, uma das primeiras leituras do livro é a da imagem da capa, que funciona como um convite ou um repelente do mesmo.

Claudia Luzia 

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